domingo, 8 de junho de 2008

Projeto Campo Sustentável, destaque de inovação no setor tomateiro

Por Fúlvio Stefanny
O Brasil está entre os dez maiores produtores de tomate do mundo, e é um dos países que mais investe em inovações no setor onde há o empenho para que sejam incorporadas novas tecnologias capazes de reduzir custos, elevar a produtividade e melhorar a qualidade do produto ofertado ao mercado, assegurando uma margem de lucro compensadora para os produtores.
Vale ressaltar que a produção de tomate nas últimas três safras movimentou R$ 1,8 bilhão, equivalente a 16% de todo o PIB gerado pela produção de hortaliças no país; no período de 25 anos, o setor tomateiro registrou um crescimento de 113%. Hoje, cerca de 65% dos tomates produzidos no Brasil destinam-se ao segmento de mesa; o restante é destinado às indústrias, atendendo uma diversificada linha de derivados, que inclui fabricação de extratos, molhos prontos, tomates-secos e especiarias.
Uma das inovações que se destaca no cenário tomateiro é o Projeto “Campo Sustentável: sementes de união produzindo bons frutos” que nasceu a partir de uma proposta da PUC Minas Arcos que incentiva os alunos dos cursos de graduação a construírem projetos de extensão que beneficiam a comunidade como um todo, criando assim um campo de atuação no ambiente real para a prática das disciplinas estudadas.
O diferencial do Projeto é a fabricação do tomate seco com o uso de estufas solares usando como matéria prima a produção excedente, ou seja, o tomate que não tem venda no mercado pela viabilidade do preço ou que amadurece demais e não é comercializado in natura.
O protótipo da estufa foi construído pelos alunos e testado pelos produtores com excelentes resultados. O custo para a construção de uma estufa é de aproximadamente R$ 17 podendo também utilizar materiais reciclados.
A construção de 20 estufas pelos jovens das comunidades com orientação dos alunos é uma das ações integrantes da proposta para esse segundo semestre. O tomate seco é fabricado usando-se uma proporção de 30 quilos do fruto para cada quilo do produto seco que pode ser vendido em conserva, em embalagens menores para consumo doméstico ou à granel para grandes supermercados e restaurantes. Como o tomate é um produto de grande fragilidade diante das mudanças climáticas e altamente perecível, ele precisa ser consumido rápido.
Na pesquisa que foi feita pelos alunos, junto aos estabelecimentos comerciais, os resultados comprovaram que grande parte da produção de tomates de Arcos é vendida na própria região, porém uma quantidade considerável é vendida na Central de Abastecimento de Minas Gerais (CEASA), em Belo Horizonte. Os resultados ainda apontam um mercado aberto de aproximadamente 43% que pode ser explorado para a venda do tomate e seus derivados.
A partir desse levantamento e de informação disponibilizadas pelos produtores sobre a lavoura e sua produção, os alunos criaram matérias jornalísticas e peças publicitárias que focam a venda do tomate na região com o intuito de diminuir o tempo de transporte e aumentar a qualidade do produto que chega à mesa do consumidor final.
Uma questão preocupante apontada pelos líderes das comunidades rurais é o êxodo dos jovens, e em muitos casos de toda a família, da zona rural para os centros urbanos em busca de estudos e “melhores oportunidades”. Algumas dessas comunidades já possuem uma identidade cultural comprometida pela evasão de seus membros e só sobrevivem pela persistência de poucos.
Dessa forma, é muito importante que se crie condições para que o homem do campo possa encontrar, através da tecnologia e muito mais, soluções alternativas e formas de permanecerem em seu local de origem com qualidade de vida. Ao contrário, como acontece atualmente, gera-se um problema social enorme onde se compromete todo o sistema, e o que é pior, expõem pessoas às mais variadas formas de violência.
O ponto primordial do Projeto é que todas as ações propostas pelos alunos às comunidades vêm de encontro às necessidades apresentadas pelas últimas, o que resulta em tomadas de decisões em conjunto e em ações adaptadas conforme a realidade vivida, criando elos de relações interpessoais, o que diminui a distância social, quebra paradigmas e dissolve preconceitos.
As ações tiveram início no primeiro semestre de 2007 com a turma do primeiro período do curso de Comunicação Social, idealizadores do Projeto com a tutoria do Professor Hilton César Casagrande (Sastra), e hoje já envolve outras turmas do campus. O público escolhido foram as comunidades rurais de produtores de tomates de Arcos (MG). E no primeiro semestre de 2008, o Projeto Campo Sustentável foi escolhido como tema do Projeto Interdisciplinar do Curso de Comunicação Social Integrada da PUC Minas Arcos, com o intuito de propagar o projeto na comunidade local e na comunidade acadêmica.

“Campo Sustentável” – interesses e curiosidades

Por Flávia Telma
O Projeto “Campo Sustentável: sementes de união produzindo bons frutos” foi idealizado por alunos curso de Comunicação Social da Puc Minas em Arcos em parceria com comunidades produtoras de tomate.
Os frutos que antes não eram vendidos nessas comunidades, hoje têm um destino certo: as estufas solares. Elas foram construídas pelos próprios alunos e testada e aprovada pelos produtores. Nela, os tomates são ressecados e, logo após, vendidos.
Esta foi uma solução viável para os produtores, já que o tomate é fruto de grande fragilidade e precisa ser consumido rapidamente. O custo para a produção de uma estufa é de R$ 17 e esta pode ser feita com materiais recicláveis. De acordo com os integrantes do projeto, o tomate seco é fabricado usando-se uma proporção de 30 quilos do fruto para cada quilo do produto seco que pode ser vendido em conserva, em embalagens menores para consumo doméstico ou à granel para grandes supermercados e restaurantes.
Hoje em dia, graças a este projeto, moradores das comunidades produtoras de tomate reduziram muito a perda do fruto e melhoraram a qualidade de vida.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

TOMATE: plantio orgânico

Anexo, por Gabriel Pessôa


TOMATE Solanaceas CULTIVARES, CLIMA E ÉPOCA DE PLANTIO Por ser uma espécie susceptível a um grande número de pragas e doenças, o cultivo orgânico do tomate pode exigir cuidados extras, em comparação com outras culturas mais resistentes. O primeiro cuidado refere-se à escolha de variedades e cultivares adaptadas às condições locais e ao sistema de plantio que será adotado – a ‘céu aberto’ ou em ‘estufa’. A escolha da cultivar a ser plantada é um dos pontos básicos no sistema de cultivo orgânico. Devem ser escolhidas as cultivares mais rústicas e com maior resistência a pragas e doenças. Além disso, é muito importante que se observe a preferência dos consumidores. Atualmente pode se utilizar tomates do tipo Santa Cruz , tipo saladinha e tipo cereja, que são os mais fáceis de comercializar. Atualmente, o mercado tem apresentado boa aceitação de tomates tipo ‘italiano’, que caracterizam-se pelos frutos alongados, de superfície irregular. No grupo Santa cruz, podem ser empregadas cultivares comerciais ou optar por materiais regionais, como as cultivares ‘Roquesso’, ‘Bocaina’ e ‘Coração de Boi’, de maior adaptabilidade ao sistema e maior resistência a doenças. No grupo saladinha, existem diversos materiais comerciais, do tipo longa vida, que podem ser uma boa alternativa pela elevada conservação na pós-colheita. Por serem híbridos, a desvantagem desses materiais é a impossibilidade de multiplicação de sementes, tornando obrigatória a compra e encarecendo o custo de produção. No tipo cereja, existem muitas variedades regionais, de formato arredondado ou alongado. Geralmente são materiais com boa tolerância a doenças foliares e, principalmente, boa resistência ao ataque de pragas e incidência de patógenos nos frutos. Também existem híbridos comerciais, com maior potencial produtivo, porém mais sensíveis a enfermidades. Vale ressaltar que, uma recomendação extremamente importante é verificar a aceitação do consumidor de tomates orgânicos, quanto ao sabor e aos padrões comerciais exigidos. O clima fresco e seco e a alta luminosidade favorecem a cultura do tomate. A faixa de temperatura ideal para o cultivo é de 20 a 25 graus, de dia, e 11 a 18 graus, à noite. A temperatura noturna deve ser sempre menor que a diurna, pelo menos 6 graus. Temperaturas acima de 35 graus, diurnas e noturnas, prejudicam a frutificação, com queda acentuada de flores e frutos novos. Temperaturas muito baixas, também, prejudicam a planta, reduzindo seu crescimento. O excesso de chuva é outro fator do clima que tem efeito negativo na cultura, pois favorece a proliferação de fungos e bactérias, que reduzem a parte aérea e, por consequência, diminuem a produção. Figura 70 a: Campo de produção orgânica de tomate cereja em final de ciclo, ainda com muitos frutos para serem colhidos, revelando a alta resistência dos frutos a pragas e doenças, e alta produtividade. Excelente alternativa comercial para o mercado orgânico. Fazenda Luiziânia – Entre Rios de Minas – MG. De modo geral, em regiões altas, com altitudes superiores a 800 metros, o plantio deve ser realizado de agosto a fevereiro. Já, em localidades baixas e quentes, sob altitudes inferiores a 400 metros, a época favorável ao cultivo do tomate é de fevereiro a julho. O uso de estufas possibilita o cultivo do tomate fora de época, viabilizando o plantio durante todo o ano em regiões altas. O plástico usado na cobertura permite modificar o ambiente, de forma a torná-lo mais favorável para as plantas, protege contra as chuvas excessivas e de grande número de organismos que causam problemas fitossanitários. Por causa dessas vantagens, as estufas têm sido cada vez mais usadas. Mas, o manejo orgânico da cultura dentro da estufa requer experiência do produtor no cultivo fora da estufa. FORMAÇÃO DAS MUDAS A qualidade das mudas afeta profundamente o desenvolvimento da cultura no campo. Por isso, a etapa de formação das mudas é muito importante no processo de produção. Para o tomate, a semeadura em recipientes é o melhor método, trazendo vantagens como a produção de mudas de boa qualidade, a redução do risco de contaminação por patógenos do solo, o menor gasto de sementes e a redução do ciclo da cultura. As mudas estarão no ponto para serem transplantadas, quando tiverem de 4 a 5 folhas definitivas, cerca de 30 dias após a semeadura, para o sistema de copos ou de 20 a 25 dias no sistema de bandejas. Nos dias anteriores ao plantio, é preciso reduzir a irrigação. E, na véspera do plantio, é preciso suspender a água, para tornar as mudas mais resistentes. PREPARO DO SOLO E ADUBAÇÃO é recomendável realizar o plantio direto sobre palhadas de vegetação ou de adubos verdes previamente roçados e mantidos como cobertura morta do terreno. Neste sistema, tem se verificado em nível de propriedades orgânicas, que o manejo da água de irrigação será de vital importância para o sucesso do plantio. Excesso de água neste sistema pode proporcionar multiplicação excessiva de patógenos, que prejudicarão o bom desenvolvimento das plantas. PLANTIO E ESPAÇAMENTO O plantio pode ser feito em sulcos ou covas, com 20 centímetros de profundidade, para comportar adequadamente a matéria orgânica. O espaçamento recomendado é de 1,20 metro entre linhas e 40 centímetros entre plantas. A direção ideal das linhas é no sentido Norte-Sul e ainda no sentido do vento dominante. Esse espaçamento mais largo entre as linhas, associado ao direcionamento recomendado, permite diminuir a umidade dentro da lavoura, reduzindo significativamente a multiplicação excessiva de uma série de doenças. A adubação de plantio pode ser feita com composto orgânico, na base de 10 toneladas por hectare (peso seco), ou seja, cerca de meio quilo de composto por cova, o que eqüivale a 1,2 quilos por metro linear de sulco.

Tomate é um dos principais produtos que mais contém agrotóxicos

Por, Gabriel Pessôa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) indica que o tomate é o quarto produto da lista que mais possui agrotóxicos. Foram encontrados nessa cultura altos níveis de monocrotofós, substância proibida neste tipo de produto e metamidofós, ingrediente ativo que não deve ultrapassar os limites aceitáveis para a alimentação.O excesso desses químicos no tomate provoca danos para o meio ambiente, para os consumidores e trabalhadores que mantém um grande contato como plantio desta cultura.O contato e o consumo com resíduos de agrotóxicos podem causar prejuízos à saúde humana que vão desde alergia temporária a doenças crônicas, provocando reações neurológicas e sobrecarga do fígado ou levar o desenvolvimento de câncer. Se os novos dados sobre contaminação do tomate por agrotóxicos, divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária preocupam os consumidores, o perigo é ainda maior para quem trabalha nas lavouras. O risco de toxicidade para os trabalhadores rurais de pequenas lavouras é muito grande, pelo fato de utilizarem equipamentos de aplicação manual e por falta de informação e de equipamentos de proteção individual ficando assim expostos às intoxicações agudas e crônicas causados pelos agrotóxicos.Para resolver este problema é preciso orientar os produtores, mostrando os perigos de contaminação e desenvolver projetos mostrando a importância da adoção de novas técnicas agrícolas, como a utilização de defensivos alternativos e a produção orgânica. No caso da produção orgânica, o plantio desta cultura faz com que o agricultor possa trabalhar sem riscos, pelo fato da não utilização de defensivos tóxicos nas lavouras. Essa forma alternativa de produção de alimentos contribui com o meio ambiente e proporciona ao consumidor produtos com qualidade, sem riscos a saúde.